segunda-feira, 19 de maio de 2008

INSS não possui dados quantitativos de ex-jogadores aposentados

Leandro Silva

Um grande problema para os ex-jogadores é o direito à aposentadoria. Como a carreira é curta e passar 20 anos como profissional já é um fato raro, os jogadores precisam trabalhar em outra profissão ou continuar colaborando para completar o tempo de serviço e poder usufruir dos benefícios, como fizeram Douglas e Emo. O primeiro voltou a trabalhar e o segundo continuou colaborando com o Instituto Nacional de Seguridade Social - INSS.

“Mas muitos jogadores não têm oportunidade e não conseguem entrar no mercado de trabalho depois do fim da carreira”, explica Douglas.

O número de jogadores que consegue aposentaria é desconhecido. Nem na Bahia e tampouco no País. A Ouvidoria do órgão explica que a categoria “atleta profissional de futebol” foi extinta em 1996 e os jogadores, hoje, são enquadrados como os outros trabalhadores comuns, não sendo possível, assim, chegar a tais dados quantitativos.
No Vitória e Bahia, a relação de emprego com os jogadores tem como base a CLT. O recolhimento ao INSS varia de acordo com o salário do jogador, aquele que é anotado na carteira de trabalho. O percentual de desconto varia de 8%, 9% e 11% conforme a faixa salarial, lembrando que o teto é de R$ 3.038,00.

Nem Bahia nem Vitória oferecem plano de saúde aos jogadores. O diretor financeiro e de Marketing do Bahia, Marco Costa, explica que está é uma prática comum aos clubes brasileiros. E diz a razão: “Os clubes oferecem assistência médica total a seus jogadores quase 24 horas por dia. E se eles necessitam de especialistas bancam tanto para ter o profissional em boas condições para atuar como também para proteger o seu empregado.

Ele cita o recente caso do meia gaúcho Cléber, falecido no final do ano passado quando atuava pelo tricolor, depois de sofrer aneurisma em Natal, para onde foi o Bahia disputar uma partida valendo pela Série C do Campeonato Brasileiro.
”O Bahia deu toda a assistência ao jogador, assumiu todas as despesas e sua família reconhece“. O jogador que antes defendera o Vitória não tinha plano
de saúde.

Segundo Marco Costa analisa, a questão de fazer planos de saúde para a família e previdência privada para si depende muito do perfil do jogador. ”Áí é questão de consciência, educação, origem. Nem todos são iguais. A maioria não pensa no futuro.

AGAP – Douglas da Silva Franklin, ex-ídolo do Bahia, é o presidente da Associação de Garantia ao Atleta Profissional da Bahia.

A meta da Agap é a inserção dos ex-atletas no mercado de trabalho, oferecendo cursos de computação, profissionalizantes e até universitários, além de oferecer assistência para os ex-atletas que estejam em dificuldade sobretudo financeira.
“Os cursos e benefícios são concedidos de acordo com a necessidade de cada um. Os casos são analisados individualmente”, explica Douglas.

Os benefícios são possíveis por causa das parcerias criadas, pela contribuição dos associados, que pagam 60 reais, por ano.

A Agap possui mais duas fontes de renda: uma delas refere-se a 1% das arrecadações nos jogos das competições organizadas pela Confederação Brasileira de Futebol. A outra fonte de arrecadação refere-se a 1% dos contratos dos jogadores.

“Não precisa ser só atleta para se associar à Agap. Porque tem o sócio contribuinte. Estamos associando também pessoas que não são ex-atletas. Com mais sócios, é mais fácil fazer convênios e parcerias e a arrecadação aumenta”, explica Douglas.

Matéria publicada originalmente no Jornal A Tarde do dia 18/05/2008

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