sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Jobson: vítima ou algoz de si mesmo?

Não costumo publicar, neste blog, textos que não são de minha autoria. Até queria escrever sobre a saída de Jobson, um jogador que admirei desde a primeira vez que vi jogando, do Bahia, mas achei que esse texto da advogada Fernanda Ferreira foi o que melhor resumiu meus pensamentos. Apesar de tudo, continuo torcendo para que ele dê a volta por cima e seja um homem do tamanho do seu futebol.

Jobson não é o primeiro caso de jogador problemático e cheio de talento. Mas, talvez, esteja sendo o mais  mais polêmico do seu tempo. Não apenas por sua indisciplina e sua falada síndrome de estrelismo, mas pelo sem número de portas que vêm se fechando ao longo da sua inquieta vida.

Um jogador de talento inegável, uma promessa falida do futebol brasileiro que se rende a grandes craques, mas não tolera aqueles que, sem qualquer consideração, jogam para escanteio a paixão da torcida e se entregam aos excessos de uma louca vida que não se compatibiliza com a profissionalização de seus dons.

Assim foi com Jobson...Uma promessa vinda para o Tricolor de Aço com a pseudo intenção de fazer diferente, reconquistar a confiança da mídia, dos torcedores e, sobretudo, de si mesmo. Mas nem tudo foi como esperado...Os gols apareceram, entretanto a velha conhecida indisciplina também.

Atrasos, brigas, confusões, estrelismo escancarado, bebedeiras desmedidas...O que aconteceu com o menino que a apaixonada torcida tricolor pedia para que deixassem jogar? O menino se mostrou um “homem” sem limites, sem equilíbrio e, infelizmente, sem um destino. Demonstrou que de nada valeu o amor que lhe concederam gratuitamente, logo na chegada.

Não foi grato ao apoio que lhe foi dado em um momento tão difícil como o julgamento que ainda terá seu resultado conhecido.  O que aconteceu com Jobson? Aliás, o que acontece com ele?

Será, ele, vítima de uma doença que atinge a tantos no País? O alcoolismo? Ou será  apenas mais um jovem inconsequente em um país de tantos maus exemplos - como bem disse René Simões - e carência de ídolos verdadeiros?

Não o culpo por tudo. Mas sim pela falta de consciência, pela insensata ignorância de não saber reconhecer que é preciso mudar e assim não desperdiçar seu dom. Um dom que lhe foi concedido de graça, a fim de que ele pudesse progredir e trazer alegria para um povo que vê o mundo em uma bola e que chora de felicidade na hora do gol.

Mas não o tenho como vítima...Vítima é alguém que não tem saída, que passa por uma situação por não ter como se livrar dela...Jobson teve! Não só uma, mas várias saídas. E foi fechando cada uma delas e se trancando em uma realidade paralela de pura insanidade, incoerência e ausência de limites.

Tornou-se algoz de si mesmo e assim segue. Não demonstra sequer humildade para assumir o erro. O que Jobson precisa ainda para perceber que sua carreira brilhante pode acabar aos 23 anos por sua própria opção?

Realmente não sei. E creio que ninguém sabe, afinal ele já foi submetido a grandes provas, superou as mesmas segurando em mãos que confiaram nele e ainda assim virou a cara e seguiu na sua vida, louca vida, de festas, más companhias e auto confiança excessiva.

Não se pode dizer que ele se perdeu por causa de más companhias, afinal pelo que se percebe é ele que só busca essas para seu lado e expulsa aquelas que tentam lhe resgatar.  Ele teve apoio, amizades, compreensão, amor, carinho e confiança, mas, assim como Amy Winehouse, disse: “não, não, não”.

Portanto, não há como concluir de outra forma: Jobson é o grande responsável por sua anunciada derrocada! Situação que pode ser revertida, basta que ele queira e faça diferente, que dê a todos a sua inesperada recuperação, que mostre que ele tem equilíbrio e noção de que talento não é tudo, que precisa de complemento.

Jobson, não se vista mais uma vez de cordeiro, vendendo uma ilusão que passado um tempo se mostra mais uma das tormentas de um ídolo contraditório e decadente, mude. Seja homem e deixe o menino que há dentro de você jogar!

Fernanda Ferreira

Advogada

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