quarta-feira, 7 de maio de 2014

Duas formas de analisar a lista de Felipão

Existem pelo menos duas formas de analisar uma convocação da Seleção Brasileira para a Copa do Mundo: uma, pelo que as presenças ou, principalmente as ausências, de determinados jogadores podem prejudicar o desempenho da equipe no Mundial; e a outra, é pela vontade de vermos alguns jogadores preferidos presentes na lista ou pelo desejo de ver alguns que não gostamos fora dela. 

Pela primeira forma, considero que a convocação de Luis Felipe Scolari foi bem feita. Ao contrário daquela de 2002 (O título não me convenceu até hoje de que o desempenho não teria sido ainda melhor com a presença de Romário na equipe). 

Analisando pela segunda maneira, entretanto, a lista dá espaço para discussões. Como sempre dará por sinal quando analisada desta forma, por ter um caráter muito mais subjetivo e até sentimental. Mas um fator que indica que a convocação foi bem feita sob o ponto de vista da influência sobre o resultado é que as maiores discussões são sobre jogadores que provavelmente nem precisarão estar em campo, como a quarta opção para a zaga, ou algum lateral, meia ou atacante reserva.

É preciso analisar também qual a estratégia utilizada pelo treinador. Nesse primeiro momento, a discussão está voltada para 23 nomes, mas logo em breve, com o início dos treinamentos, passará para a escolha dos 11 titulares, que me parecem já estar definidos por Scolari, mantendo os mesmos da Copa das Confederações. E acredito que nenhum treinador gosta de ter no banco jogadores que ele sabe que acabarão representando uma pressão popular ou da mídia pela inclusão nos titulares. 

Nós sabemos que muitas vezes essa pressão não se limita ao pedido ou a exaltar as qualidades do reserva, mas evolui para uma perseguição ao titular. É natural. No ano passado, durante a Copa das Confederações, por exemplo, Scolari experimentou isso com as vaias e constantes questionamentos sobre a qualidade de Hulk, que na verdade eram um disfarce utilizado pela campanha em prol da titularidade de Lucas. O que acabou prejudicando tanto Hulk, que parecia com a confiança abalada, quanto ao próprio Lucas, muito ansioso querendo justificar a cada lance a pressão exercida em seu nome. 

Pior para Lucas, que parece ter ficado de fora da Seleção justamente por representar uma ameaça ao titular. Eu teria levado. Considero melhor do que Bernard, por exemplo. Acredito que Scolari pensou exatamente isso quando não levou Romário 12 anos atrás. Ele parece ter se convencido pelo trio Ronaldinho, Rivaldo e Ronaldo e não quis ter uma sombra tão pesada quanto a do Baixinho no banco que acabasse fazendo com que a torcida pegasse no pé de um dos três. Parece ser a mesma ideia de Sabella ao abrir mão do talento de Carlitos Tévez. Ele tem a convicção no trio Messi, Aguero e Higuaín. E sabe que a torcida faria pressão pela entrada do ídolo. É uma estratégia arriscada, porque se um deles for desfalque, Tévez teria muito mais condições de chamar a responsabilidade do que Palácio, Lavezzi, Icardi ou qualquer outro convocado.

Claro que no Brasil hoje não tem ninguém com o peso de Romário em 2002, ou de Tévez agora. Aquele que teria, Ronaldinho Gaúcho, ajudou Scolari ao fazer uma péssima temporada. Estivesse ele jogando o que jogou em 2013 e a pressão agora seria comparável à de doze anos atrás. E acredito que, ainda assim, Felipão não o levaria para proteger os seus titulares. 

Por esse pensamento, entendo a convocação de Henrique, como quarta opção para a zaga. Ele sabe que quase ninguém irá fazer campanha para a sua entrada à menor falha de Thiago Silva ou David Luiz. Ao contrário de Miranda, que tem sido muito elogiado em todo o mundo. Dante até representa uma sombra maior, mas fica na conta das "descobertas" de Felipão. Se ele for titular e tiver um bom desempenho, Scolari comemorará o fato de ter sido o primeiro a levá-lo para a Seleção.

Confesso que eu usaria estratégia parecida com a de Scolari no caso da lateral-direita. Sei que Maicon é o segundo melhor lateral-direito disponível, mas sei também que ele costuma contar com o apoio da imprensa, que vive pedindo a sua titularidade e pegando no pé do titular por conta disso. Como sou fã de Daniel Alves, levaria outro lateral que não representasse uma ameaça ao baiano. 

Na esquerda, eu teria levado Filipe Luís ao invés de Maxwell. E essa convocação ainda busco entender. Felipão levou Filipe para a Copa das Confederações, e inclusive o colocou para treinar como titular, quando o lateral ainda nem tinha tanto destaque. Agora, em evidência, sendo uma das armas de Simeone no Atlético de Madrid, líder do espanhol, e finalista da Liga dos Campeões, o deixou de fora. Só posso imaginar que ele tenha tido alguma atitude que desagradou o treinador durante a Copa das Confederações. Talvez não tenha lidado bem com a reserva.

Também levaria Phillipe Coutinho ao invés de Hernanes, Lucas, ao invés de Bernard, Arouca, ao invés de um dos laterais, e Robinho, ao invés de Jô. Resumindo, não gostei da convocação, mas acredito que não irá interferir de modo tão direto para o resultado na Copa. 

Goleiros:
Júlio César (Toronto-Canadá)
Jefferson (Botafogo)
Victor (Atlético Mineiro)
Laterais-direitos:
Daniel Alves (Barcelona-Espanha)
Maicon (Roma-Itália)
Laterais-esquerdos:
Marcelo (Real Madrid-Espanha)
Maxwell (PSG-França)
Zagueiros:
Thiago Silva (PSG-França)
David Luiz (Chelsea-Inglaterra)
Dante (Bayern de Munique-Alemanha)
Henrique (Nápoli-Itália)
Volantes:
Luiz Gustavo (Wolfsburg-Alemanha)
Paulinho (Tottenham-Inglaterra)
Fernandinho (Manchester City-Inglaterra)
Ramires (Chelsea-Inglaterra)
Meias:
Oscar (Chelsea-Inglaterra)
Willian (Chelsea-Inglaterra)
Hernanes (Internazionale de Milão-Itália)
Bernard (Shakhtar Donetsk-Ucrânia)
Atacantes:
Neymar (Barcelona-Espanha)
Hulk (Zenit-Rússia)
Fred (Fluminense)
Jô (Atlético Mineiro)

terça-feira, 6 de maio de 2014

Poupar é preciso

Li hoje que o Bahia irá com força máxima na partida de ida da segunda fase da Copa do Brasil, nesta quarta-feira, em Minas, contra o América, contando apenas com os desfalques de Rhayner, Guilherme Santos e Diego Macedo, por lesões, além de Roniery (substituto de Diego, por já ter atuado na Copa do Brasil. Seria uma boa notícia caso o Tricolor não tivesse um jogo muito mais importante pelo Brasileiro no domingo, o quinto Ba-Vi do ano.

Outro fator que me faz temer algum desfalque e acreditar que o melhor caminho seria colocar a equipe reserva é que os quatro jogadores de frente do Bahia - Lincoln, Talisca, Rhayner e Maxi -, fundamentais para que o esquema de jogo esteja funcionando, parecem estar sempre no limite físico.  Uma prova disso é que, em praticamente todo jogo, tenham que ser substituídos. Por isso, não colocaria nenhum deles em campo.

Minha opção por escalar os reservas na partida ainda é justificada por ser uma oportunidade de ver em campo alguns jogadores que não têm atuado. O que faria com que eles estivessem muito mais focados no jogo do que os próprios titulares, que devem estar com a cabeça na Fonte Nova. Portanto, não seria uma estratégia voltada para o Ba-Vi, mas também para o próprio embate em Minas.

Por isso, falei com meus irmãos no grupo do Whatsapp: "eu escalaria o time de amanhã com Lomba, Railan, Lucas Fonseca, Anderson Conceição e Raul; Rafael Miranda, Pittoni, Hélder e Emanuel Biancucchi; Rafinha e Henrique. Meus irmãos concordaram e Renato ainda completou: "esse time é melhor do que alguns recentes do Bahia". 

Portanto, eu não teria dúvida.

Meus 23 convocados


Drogba revolucionário - o poder do futebol e a importância de um ídolo que sabe dar exemplo

Sou muito fã de do marfinense Didier Drogba, mas confesso que não tinha conhecimento sobre um fato emblemático sobre a sua importância para Costa do Marfim até ler no Lado B da Copa, do site da ESPN, a matéria "Drogba, o craque que mudou um país com um discurso de 76 segundos", de Guilherme Nagamine, André Donke e Jean Pereira Santos, que fala sobre a influência direta de um discurso realizado pelo atacante do Galatasaray, em 2005, logo após a classificação da seleção para a primeira Copa do Mundo, para a paz na Costa do Marfim. É sempre bom ver o poder do futebol e a importância dos ídolos que sabem dar exemplo.
 
Compartilho o discurso aqui, mas não deixe de ler o excelente texto no site da ESPN.

"Homens e mulheres do norte, do sul, do leste e do oeste, provamos hoje que todas as pessoas da Costa do Marfim podem co-existir e jogar juntas com um objetivo em comum: se classificar para a Copa do Mundo.

Prometemos a vocês que essa celebração irá unir todas as pessoas.

Hoje, nós pedimos, de joelhos: Perdoem. Perdoem. Perdoem.

O único país na África com tantas riquezas não deve acabar em uma guerra. Por favor, abaixem suas armas. Promovam as eleições. Tudo ficará melhor.

Queremos nos divertir, então parem de disparar suas armas. Queremos jogar futebol, então parem de disparar suas armas.Tem fogo, mas os Malians, os Bete, os Dioula... Não queremos isso de novo. Não somos xenófobos, somos gentis. Não queremos este fogo, não queremos isto de novo."